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sábado, 8 de dezembro de 2007

TAAG - Tás lá Agora Aguenta!

Sinceramente devo reconhecer o mérito, extraordinário da companhia aérea que "dá bandeira nacional". Não é a primeira, e nunca será a última a TAAG é mbora bué, os madiés são bué barrosos, bufam-se as reclamações. Estamos desde as 9h00 no nosso "areoporto" internacional, para viajar as 13 horas, as 15, assustamos os kotas da Tás lá Agora Aguenta, no lugar do 3 colocaram 9, agora vamos Aguentar até as 19h para bazar a Kinshasa. Informações nhete, se os passageiros comem ou não, nhete, que têm compromisso que Aguentem. O ká respeito africano, ficou aonde? agora mandar é avião é que tá dar para mandar nos outros aguentar e não reclamar, se você reclamar, vão te meter na lei de reciprocidade, vão te reclamar também, vão falar que não amas a bandeira nacional, e tal não és do "Mp lá" nem do "Mp cá", então deves ser da "Uni tá" ou da "Uni num tá", por isso tás fazer confusão já. Mas quando, voltar desta ká viagem que demora uma hora de voô e +10 de espera do avião, que vai ao Huambo, Malange, Bié, vem depois li limpam, li perfumam, li põem o azar e depois nos levam já no Congo "Kashasha". FUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Uma missão que vale,

Meus amigos e companheiros, quero contar-vos uma história, destas histórias que são verídicas, são reais, nas quais somos participes e, por isso, nos identificamos mais com elas.

Podem ficar descansados, não falarei das chuvas, do trânsito, das pessoas com deficiência, da minha família, do meu novo emprego, do antigo, nem de outra coisa qualquer, que até dava-me algum jeito.

Bem, muitos de vocês sabem, que desde a década de 90, estou envolvido em movimentos associativos (minha paixão e aprendizagem), cujas causas sempre foram humanísticas, como é óbvio. Durante estes anos, muitas coisas boas me têm acontecido, as más também, mas não é delas que vou falar.

Ok, continuando... bem é melhor entrar no assunto e deixar as introduções de lado, porque se não, vocês ficam cansados, chateados e dirão este Will...

E tudo começou...

Estávamos no final do mês de Novembro, quando subia a euforia do triângulo festivo. Num dia que não era belo, passava pelo Zé Pirão (na verdade nunca percebi porque é que deram a esta zona o nome de Zé Pirão, o certo é que em Benguela pirão é o que em Luanda chamam de funge de milho, talvez tenha vivido ai o Sr. José que comia muito pirão, mas isto já são estórias), no Maculusso e, bem na esquina encontrei...

... Encontrei, não a mulher com a qual me vou casar, não a mulher por que me apaixonei, não sim... encontrei as mulheres que diariamente são ignoradas e desprezadas por muitos, as mulheres que suportam as corridas dos policias e fiscais, porque lutam para sobreviver, num país em que apenas alguns vivem e os que sobrevivem são um incomodo, mas a malta mesmo assim não desiste, é somos teimosos na nossa pobreza, queremos também viver. Eh sempre fui de opinião que o fenómeno da venda ambulante, é um dos reflexos da nossa extrema pobreza e, como tal, tem sido muito mal resolvido.

Bem depois de fazer a esquina, deparei-me com estas mulheres, todas sentadas a vender os seus produtos, naquele instante apeteceu-me fotografar, filmar ou pintar um quadro com a imagem delas, mas não sei pintar, não tinha câmara fotográfica ou de filmar. Como não podia fazer nenhuma destas coisas, aproximei-me apesar de estar ligeiramente atrasado, e comecei a conversar com as mesmas, principalmente com a que estava em estado de gestação.

Neste dia fiquei uma hora a conversar com as senhoras sobre a vida, aproveitei para sensibilizar a nossa irmã que estava em estado de gestação, sobre os cuidados que devia ter e da importância das consultas de pré – natal e aderência ao programa de corte da transmissão vertical, que felizmente o nosso controverso país tem de forma embrionária e, ainda bem, oxalá se estenda rapidamente.

A transmissão vertical ocorre quando uma mãe com VIH transmite o mesmo ao seu bebé durante a gravidez, serviços de parto e ou amamentação, no entanto, a corte da transmissão vertical, pode impedir que isso ocorra. De referir que o corte da transmissão vertical é uma terapia que permite a partir do momento que se identifique que a mãe tem VIH, tomarem medidas de prevenção a fim de impedir que o filho nasça com VIH.

Depois de terminar a conversa, pelo caminho comecei a sentir-me cada vez melhor, sentia algo de especial, constatei que aquelas mulheres muitas vezes, apenas precisam de alguém que as possa ouvir. Naquele momento senti-me uma pessoa prendada, um anjo em cadeira de rodas que tinha de estar ali, para cumprir uma missão, um dever de permitir aos outros o direito à informação.

Meses depois voltei a passar pelo mesmo local e observei que uma mulher vinha a correr em minha direcção gritando:

- Mano, mano, mano...

E parei, a mulher eufórica disse:

- Mano, lembra naquele dia que nos falaste aquelas coisas sobre SIDA! Daquela mana que estava grávida? Ela teve, é rapaz e vai ser teu chará, por isso, dá só o teu nome.

Sem muitas palavras e questionamentos, (o que frequentemente tenho feito) peguei uma folha de papel e esferográfica para escrever o meu nome.

Dois meses depois, num fim-de-semana, na rua da Liga africana ao caminho de uma pastelaria para um dos meus habituais lanches, outra senhora que esteve no mesmo grupo, pediu-me para parar e disse:

- Manas lembram este mano, naquele dia estava a nos falar coisas boas, parece que Deus tinha lhe enviado.

Dirigindo-se para mim solicitou:

- Mano fala só mas o teu nome, o teu chará ainda não lhe demos nome.

Neste instante outra senhora do grupo pergunta:

- Mas qual é a mana que estas a falar?

- A sulana, ela tava grávida e o mano deu bons conselhos, agora ela e o marido, querem saber o nome para dar a criança.

- É verdade, mano teu chará é bem bonito, tem cabelo grande, é fino...

Risos...

Enquanto elas falavam eu ouvia com atenção e escrevia no papel um dos meus nomes próprios, claro. Entregue-lhes o papel e despedi-me delas.

Depois escrevi e vos enviei, agora vocês leram e sabem.

quarta-feira, 7 de março de 2007

2 livros para ver e ouvir Paulo Flores

Paulo Flores, na sua qualidade de Embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas em Angola, realizará no dia 8 de Março, um espectáculo no horário das 15 às 20h30 no Cine Atlântico. O evento contará com exposições de arte infantil, teatro, poesia e outras actividades demonstradas pelas crianças do Centro de Acolhimento, com o apoio da Trienal de Luanda. Para além de Paulo Flores, Manecas Costa, Ciro Bertino, João Ferreira, Patrícia Fária, Yuri da Cunha, Dog Murras, Totó e Wiza, proporcionarão um dia agradavel que beneficiará cerca de 500 crianças dos Centros de Acolhimento, que também vão fazer parte da festa. Todos os interessados, poderão adquirir os seus convites na União dos Escritores Angolanos ou na Associação Chá de Caxinde, mediante a entrega de dois livros, sendo um para uma mulher e outro para uma criança. O UNICEF como entidade organizadora do evento, espera conseguir apoios para implementação da estratégia de combate à pobreza e dos objectivos de desenvolvimento do milénio, a produção de um CD com 6 músicas cujas receitas servirão para investir em qualquer projecto para as crianças e mulheres. De referir que este evento enquadrado nas comemorações do dia 08 de Março, Dia Internacional da Mulher, é um esforço conjunto entre as agencias das Naçoes Unidas, com destaque para o UNICEF, Governo de Angola, o Embaixador da Boa Vontade e a Sociedade Civil. Espero por si...

domingo, 4 de março de 2007

A circulação Rodoviária na Capital

Por: Adão Ramos

Quando estamos empenhados na luta por uma causa ou mesmo várias causas, sobretudo se quisermos envolver outras pessoas colectivas ou individuais, não raro fazemos recurso à criatividade como forma de mobiliza-las ou tocarmos à sua sensibilidade. E uma forma é criarem-se slogans, palavras de ordens, símbolos e outras coisas mais. Assim procedem os governos, associações, partidos políticos, candidaturas a cargos e por aí adiante.

O Governo da Província de Luanda(GPL), entre os muitos problemas que tem por resolver, os casos do lixo, das estradas, da iluminação, das construções anárquicas, dos terrenos, etc, está igualmente preocupado com a “Circulação Rodoviária na cidade capital,” ou seja, o GPL está preocupado com a situação dos engarrafamentos, que já vão atingindo proporções fora de controle; tal é que o assunto já mereceu debates em vários fóruns.

Avisado, o GPL sabe que precisa de ter os munícipes mobilizados para esta empreitada. Daí o slogan actual: “Repensemos na circulação Rodoviária da Capital.” Particularmente acho que um slogan mobiliza mais se forem usadas palavras que toquem ao seu alvo que por sua vez introduzam essa palavras no seu vocabulário diário ou façam delas moda. Isso consegue-se pensando em pessoas ou grupos de pessoas com forte influência no meio geográfico onde se pretende actuar ou em pessoas com grande capacidade de mobilidade. No caso vertente, seriam também os taxistas e os cobradores de taxi. Estes são grandes difusores do novo vocabulário Luandino, e têm uma grande responsabilidade nessa questão dos engarrafamentos. Os jovens kuduristas são outros.

É também necessário usar uma linguagem com o qual o grupo alvo se identifique, sem ter que baixar ao nível da banalidade, e socializar o slogan ou palavra de ordem por meio de spot´s, tshirt´s, auto colantes e outros meios mais.

Mas para que se minimize o problema dos engarrafamentos em Luanda será também necessário atacar as causas. Temos assistido uma preocupação muito grande com os taxistas, preocupação que tem justificado o aumento de Agentes reguladores de trânsito nas vias ou toda sorte de impropérios que são lançados contra estes, vindos até de gente com responsabilidades cá entre nós. Bem também estou de acordo que é preciso disciplinar esses automobilistas, porque muitos deles senão a maior parte, são realmente horrivelmente indisciplinados, na estrada sentem-se na casa da mãe, com permissão para fazerem e desfazerem sem respeitarem a quem quer que seja. Quem anda pelas ruas de Luanda assiste a tudo isso com muita tristeza. Só que não me parece certo fazer depender o sucesso da campanha por uma Luanda melhor com menos engarrafamento - essa não seria uma boa dica, se melhorada? - da mudança de comportamento por parte deles. Também compreendo que é mais fácil rebentar a corda do lado mais fraco ou arranjarem-se bodes expiatórios para justificar o fracasso. Dessa forma, todo “esforço” que se faz para resolver o problema revelar-se-á fantoche.

Penso que uma preocupação maior e imediata devem ser as estradas. Há buracões em quase todas as vias. Existem troços, que até de forma sarcástica, se costuma chamá-los de “caminho” ao invés de estrada – “ vou passar pelo caminho da Cuca” invés de “ vou passar pela estrada da Cuca - Exemplos? Para que? Só para escrever mais páginas do seria necessário? Ocorre que quase todos os troços, saídas e entradas, de Luanda estão esburacados, arenosos, empedrados ou demasiado estreitos. Estão impróprios até para uma mulher gestante(grávida) se fazer transportar ai a bordo de uma viatura – há o risco muito acentuado desta perder o seu filho ou a sua filha por abortamento. Quantos já ocorreram? Há quem nunca pensou nisso. Mas a situação das nossas estradas chega até a impedir o nascimento de mais angolanos e angolanas, quando o país precisa de gente.

Portanto com as estradas nas condições que apresentam, estão criadas as condições para não nos livrarmos nunca mais dos já famosos e incómodos engarrafamentos, se tivermos em linha de conta a numerosíssima quantidade de viaturas em circulação - e ainda falta a minha. É preciso que se asfaltem as vias principais, mas com asfalto sério de boa qualidade e longa duração e não descartáveis, e que se dê uma atenção especial às vias alternativas. Isso é urgente! Não nos falem em falta de dinheiro, porque temos visto os Hammer´s, tubarões, as mansões e muito mais esbanjamentos a custa do erário público.

Outra preocupação, não menos importante, deve ser a circulação dos camiões, sobre tudo os transportadores de contentores. Com a aposta crescente por parte de alguns - não é qualquer angolano, tipo Adão Ramos, que para aí se atira - na importação de certos produtos, há depósitos de contentores em qualquer canto de Luanda. Alguém ainda não viu a dificuldade criada à fluidez do trânsito por um camião carregado avariado na via ou com dificuldade de manobra? E mais, muitos de nós já viu um contentor caído por cima de uma viatura que transportava gente. Para dizer que para além de dificultarem o trânsito também, têm sido bons em termos de espalharem óbitos pelos nosso bairros.

E porque será que ninguém da governação de Luanda fala nisso? É evidente que alguém tem medo de qualquer coisa.

Parece, e é o que se diz em Luanda, que os terminais de contentores, os camiões e os próprios contentores pertencem à gente graúda no país, quer dizer pertencem a alguns ministros, deputados influentes de um grupo organizado, tipo partido, generais ou a pessoas muito próximas desses. Assim sendo, qualquer voz que se ouvir tocar nesse assunto, terá encontrado o seu cemitério político. Ainda paira no ar o que aconteceu ao ex-governador de Luanda Simão Paulo, que mandou fechar armazéns onde muitos desses tinham e têm interesses. O que ele ganhou? Reforma “compulsiva” com direito a inscrição na lista negra e sem direito a medalha. Mas se tiver ido ao “purgatório”, e com muita sorte ainda terá uma oportunidade.

Seja lá o que pode acontecer, não nos vamos resignar antes da morte. Continuaremos a dizer, que é urgente disciplinar-se a circulação dos camiões transportadores de contentores. É necessário porem-se estes camiões a circularem só a partir de certas horas da noite – pode ser a partir das 22:30 às 04:00 - pois a continuarem as coisas como estão, adeus circulação rodoviária fluida na capital.

É ainda necessário trabalhar-se no sentido da educação das pessoas para que faça cada um a sua parte - a educação cívica visou isso também? - Os engarrafamentos são um grande mal, com eles aumenta o número de gente estressada, mais pessoas correm o risco de perderem o emprego por frequentemente atrasarem-se ao trabalho, mais estudantes perdem aulas ou provas - e o país precisa de ter gente a estudar bem - mais jovens perdem a namorada ou o namorado, que se fartam de esperar - e o país precisa de ter jovens felizes e bem dispostos - Será que ninguém sabe disso?

Confesso que tenho muito vontade de pessoalmente conversar sobre isso com a vossa excelência Sr. Presidente da República, pois me parece que é o único nesse país que não teme a ninguém.

Aqui fica o meu pedido de audiência.

Adão Ramos